O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta sexta-feira (2/2) a ampliação de linhas de financiamento para cooperativas de crédito e fortalecimento do setor agropecuário. Os investimentos somam R$ 6 bilhões e atendem um pedido realizado pelo Sistema OCB/GO no ano passado, em Goiânia.
Por meio do Programa de Capitalização de Cooperativas de Crédito (BNDES Procapcred), haverá aumento de R$ 2 bilhões no orçamento, acesso ampliado para pessoas físicas e condições diferenciadas de taxa e prazo para Norte e Nordeste (15 anos). Nas demais regiões do País, o prazo foi estendido de 10 a 12 anos. O limite de financiamento foi ajustado de R$ 30 mil para R$ 100 mil.
Estabelecido em 2006, o Programa de Capitalização de Cooperativas de Crédito (Procapcred) tem como propósito fortalecer o patrimônio das cooperativas, proporcionando financiamento direto aos associados para aquisição de cotas-partes do capital. Ao longo dos anos, o programa passou por atualizações e, em 2015, foi integrado ao portfólio de produtos do banco.
Desde então, o BNDES Procapcred aprovou cerca de R$ 1,4 bilhão em operações, beneficiando mais de 170 mil cooperativas de crédito. Além disso, entre as medidas estão uma linha com taxa fixa em dólar do BNDES Crédito Rural, com dotação ampliada em R$ 4 bilhões. O objetivo é financiar produtores rurais e cooperativas de produção, beneficiando principalmente exportadores. Ao emprestar em dólar, oferece juros mais baixos do que os de mercado em reais.
O rol de clientes atendidos também foi ampliado. Antes aberto a pessoas jurídicas cooperadas e pessoas físicas caracterizadas como cooperados autônomos, o Procapcred passa a contemplar qualquer cooperado pessoa física de uma cooperativa de crédito ou de banco cooperativo, desde que natural residente e domiciliada no Brasil. Em Goiás, as iniciativas devem beneficiar aproximadamente 400 mil cooperados.
Proposta goiana
As propostas foram apresentadas ao BNDES pelo Sistema OCB/GO durante encontro com o diretor do banco federal, Nelson Barbosa, em setembro de 2023. Depois fizeram parte da agenda de reunião da diretoria da OCB Nacional, na sede da instituição no Rio de Janeiro. Para o presidente da entidade goiana, Luís Alberto Pereira, com a linha do Procapcred aperfeiçoada, ficará mais abrangente entre os cooperados.
“Muitos usam esta linha como forma de poupança ou previdência. Uma maior adesão dependerá da política de cada cooperativa, mas acreditamos que contribuirá muito com a capitalização das mesmas. O que significará mais recursos disponíveis para serem aplicados aos nossos cooperados e seus negócios e maior crescimento do sistema cooperativo”, diz.
Segundo o diretor Financeiro e de Crédito Digital para MPMEs do BNDES, Alexandre Abreu, os recursos para capitalização têm o potencial de ampliar em R$ 18 bilhões, até 2025, a oferta de crédito por parte das cooperativas. De acordo com o presidente do Sistema OCB/GO, a medida também ajudará o cooperativismo goiano alcançar a meta de faturamento anual de R$ 50 bilhões até 2027.
Outras medidas
Em outra iniciativa que beneficia o cooperativismo brasileiro, o BNDES concluiu nesta semana uma captação de R$ 808 milhões em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), por meio de oferta privada no mercado doméstico. A emissão de LCAs foi a primeira realizada pelo banco desde 2016 e teve demanda quatro vezes superior ao valor ofertado.
Para o diretor Alexandre Abreu, “as mudanças aprovadas irão fortalecer a capitalização das cooperativas de crédito, ajudando a promover a desconcentração bancária e o acesso a crédito com melhores condições”. Ele destaca que as cooperativas já representam 7% do mercado de crédito no país e são responsáveis por intermediar cerca de 58% do apoio do BNDES ao segmento de micro e pequenas empresas.
As cooperativas de crédito dobraram sua participação no mercado de crédito nacional nos últimos cinco anos. Contam com uma carteira que, em junho de 2023, somava cerca de R$ 350 bilhões, segundo dados da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras). Mais de 780 cooperativas singulares de crédito atuam hoje no Brasil.