
Na terça-feira (30), a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, participou de reunião com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e com o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para debater oportunidades para o cooperativismo na linha CPR BNDES, nova linha de apoio ao setor agropecuário no âmbito do Crédito Rural. A nova linha permite operações com Cédulas de Produto Rural Financeira (CPR-F) ou de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) lastreados em direitos creditórios do agronegócio.
A nova linha de crédito já havia sido anunciada no domingo (28), quando Carlos Fávaro participou da abertura da 29ª edição da Agrishow, a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, no município de Ribeirão Preto (SP). “O Governo Federal sempre esteve ao lado do nosso agro. A novidade desse ano é esta linha de crédito inovadora, feita com o BNDES, para apoiar os produtores rurais que tiveram dificuldades durante a safra, por questões de preço ou de clima”, pontuou Fávaro.
O ministro também afirmou que a nova linha de crédito é uma medida complementar à autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN) para repactuação de dívidas. “É um pedido do presidente Lula, para que todos os produtores que tiveram dificuldade possam prorrogar os seus investimentos. E, agora, temos essa nova linha de crédito, para que possam se recapitalizar ou até mesmo pagar alguma dívida privada. Isso é investir no produtor. É investir na vocação brasileira”, reforçou Fávaro.
Com a CPR BNDES, poderão ser realizadas operações com Cédulas de Produto Rural Financeira (CPR-F) ou de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) lastreados em direitos creditórios do agronegócio.
O acesso aos títulos será para os micros, os pequenos e os médios produtores rurais e cooperativas de produtores rurais com faturamento de até R$ 300 milhões por ano. Ainda, poderão ser beneficiadas empresas destes portes que exerçam a atividade de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos, insumos, máquinas e implementos agrícolas, pecuários, florestais, aquícolas e extrativos.
“A linha pode ser usada para custeio, para investimento, para armazenagem, capital de giro e, inclusive, para quem estiver precisando alongar dívidas já existentes”, explicou o diretor Financeiro e de Crédito do BNDES, Alexandre Abreu.
Abreu, completou reforçando que a linha é resultado de um trabalho integrado e que também é mais uma medida para apoiar produtores rurais com alguma dificuldade financeira. “É uma linha construída em conjunto com o Ministério da Agricultura e Pecuária e com o Ministério da Fazenda. Ela será disponibilizada já a partir de amanhã, aqui na Agrishow. Esperamos que ela possa ser utilizada para fomentar novos negócios e, também, para melhorar a situação financeira de agricultores que tenham porventura sofrido com achatamento de preços e problemas climáticos”.
Também foi abordado pelo ministro Fávaro em seu discurso a articulação do Governo Federal para implementar a linha dolarizada pelo BNDES, destinada para quem tem receitas ou contratos em dólar. No total, já foram disponibilizados cerca de R$ 8 bilhões, com taxa de juros de 7,59% ao ano.
Já o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reforçou o compromisso do governo em realizar um novo Plana Safra ainda maior que o anterior, que foi o maior da história. “Viemos para ouvir as preocupações, anseios e necessidades. Ouvimos e registramos. Vamos trabalhar firme para termos o melhor Plano Safra e poder estimular ainda mais o setor”.
Ainda, Alckmin destacou a importância das exportações do agronegócio na economia brasileira e anunciou que em breve uma comitiva interministerial irá viajar para buscar novas oportunidades no comércio internacional.
“Metade da exportação brasileira é agro: soja, café, açúcar, carnes, laranja, suco de laranja, celulose, milho. Já foram abertos 109 novos mercados, em 50 países diferentes. A habilitação de frigoríficos foi recorde e estamos indo para a Arábia Saudita e China para abrir mais mercados para os nossos produtos”, declarou o vice-presidente.
COMO A CPR BNDES VAI FUNCIONAR?
O empréstimo será formalizado com a emissão de CPR-F ou CDCA para uma instituição financeira credenciada que repassará os recursos do BNDES ao emissor dos títulos para utilização exclusivamente nas atividades agroindustriais.
O limite do empréstimo para o cliente será de R$ 20 milhões a cada 12 meses, com prazo total de pagamento de até 60 meses, incluindo prazo de carência de até 24 meses. A taxa final será composta pela remuneração básica do BNDES de 1,3% ao ano, remuneração do agente financeiro de até 4,3% ao ano e pelo referencial de custo financeiro (Taxa de Longo Prazo – TLP; Taxa SELIC – TS; Taxa Fixa do BNDES – TFB ou Taxa Fixa BNDES em Dólar – TFBD).
O QUE É CPR E CDCA?
As Cédulas do Produto Rural Financeiras e Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio são instrumentos importantes de financiamento no setor agropecuário e possuem ampla aceitação no mercado pela simplicidade e menor custo operacional.
Usando essas ferramentas, a CPR BNDES ampliará o acesso ao crédito a pequenos produtores rurais estimulando a atuação de mais agentes financeiros no mercado, aumentando a oferta de crédito ao setor agropecuário.
Fundo Clima
Representantes de cooperativas agropecuárias de todo o país ouviram do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que poderão acessar recursos do Fundo Clima para investir em atividades agroindustriais, como a instalação de usinas para produção de etanol de milho, com juros abaixo de 8% ao ano em reais, disseram fontes que participaram de reunião nesta terça-feira (30/4) entre o setor, o banco e o Ministério da Agricultura.
O BNDES também informou o setor que poderá fazer “blended finance” para fomentar as cooperativas, com o uso de recursos “misturados” de fontes variadas do banco para atender a demanda em termos de valores, juros e prazos. Os projetos devem estar alinhados com os objetivos do Fundo.
A possibilidade de acesso ao Fundo Clima agradou às cooperativas. O instrumento possui cerca de R$ 10,4 bilhões e apoia projetos “verdes” e ações para a transição energética, como a adoção de fontes de energia limpa e renovável. Os juros giram em torno de 6,15% ao ano mais uma taxa de até 1,4% para o BNDES, se a operação for direta. No caso de operação indireta, são cobrados mais 2,5% para o agente financeiro.
Para geração de energia eólica, solar, novas fontes renováveis ou sistemas isolados com geração renovável, os juros iniciais são de 8% ao ano.
Pelo Fundo Clima, o BNDES financia até R$ 150 milhões por cliente a cada 12 meses com até 16 anos para pagar, incluídos até 5 anos de carência.
Crédito
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, levou representantes de 15 cooperativas para uma reunião na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. O objetivo foi apresentar as demandas por crédito e as previsões de investimentos do setor para impulsionar os negócios, principalmente no ramo de processamento de produtor e agroindustrialização. Entre as cooperativas presentes estavam Copac, Lar, Coopercotton, Coopal, Cooperfarms, Copasul e Coagril.
No encontro, segundo as fontes, Mercadante ressaltou que as cooperativas “serão fundamentais para o desenvolvimento e a produção de etanol para uso em navios e de combustível sustentável de aviação”.
“Hoje tivemos a oportunidade de apresentar ao BNDES cooperativas de porte médio, mas de produtores muito organizados com capacidade de gestão excepcional que se juntaram em cooperativas para ganhar escala e agora estão vocacionados a verticalizar a produção, quer seja com etanol de milho, fiação de algodão, industrialização de leite, de derivados, e que esperam do banco o amparo para financiamentos atrativos para isso”, relatou o ministro, em nota.
De acordo com uma fonte do banco, 100% das demandas apresentadas pelo setor cooperativista já podem ser atendidas pelos instrumentos existentes, sem a necessidade de criar um novo programa ou linha específica.
A avaliação do BNDES é que a procura das cooperativas encontram respaldo em programas destinados a investimentos sustentáveis ou carimbados como verdes. Uma outra possibilidade levantada é o uso da linha criada para apoiar a Nova Indústria Brasil, que destinará R$ 60 bilhões em financiamentos até 2026 para a inovação industrial com taxas de juros a partir de Taxa Referencial (TR) mais 2% e recursos não reembolsáveis.
O assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, que sugeriu o encontro, disse que a reunião foi elucidativa. O governo vai voltar a dialogar com as cooperativas e a área técnica do BNDES, de forma online, para esclarecer dúvidas sobre as linhas e programas de crédito disponíveis para possíveis adequações, disse.
“O que mais nos chamou a atenção foi a possibilidade de buscar dinheiro do Fundo Clima para fazer etanol de milho, com taxas próximas de 7% ou 8% ao ano em reais. Conversamos também sobre outras atividades, frigoríficos, etanol de milho, fiação de algodão, avicultura”, disse à reportagem. “É um dinheiro que já vem carimbado como verde e é barato”, concluiu.
Segundo Carlos Augustin, é preciso usar a criatividade para buscar soluções financeiras para as demandas do agronegócio, sem comprometer o orçamento público. “O BNDES está substituindo o Tesouro, criando novas formas de financiamentos que não geram gasto para a União. Não adianta inventar linha que dê prejuízo ao Tesouro”, disse o assessor especial. Ele lembrou ainda que o BNDES atendeu todas as demandas apresentadas pelo Ministério da Agricultura desde o ano passado, como a criação da linha em dólar para investimentos e custeio e a nova opção de financiamento para capitalização de produtores, a CPR BNDES, anunciada nesse fim de semana. A ferramenta ainda está em fase final de elaboração pelo banco e deverá ser detalhada na próxima semana, com esclarecimentos sobre prazos, juros e limites de contratação.
BNDES no Agro
Durante a reunião, o BNDES anunciou que fará rodadas de conversa in loco em Estados com forte presença do agronegócio para apresentar as soluções financeiras do banco. A iniciativa, batizada de “BNDES Mais Perto de Você – Agro e Cooperativas” pretende aproximar ainda mais o setor das ferramentas disponíveis para fomento na instituição.
Fonte: Mapa e Globo Rural