O crescimento do cooperativismo no Brasil neste ano será três ou quatro vezes maior que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A estimativa é do presidente da OCB Nacional, Marcio Lopes de Freitas. “Acredito que o crescimento (do coop) será de aproximadamente 10%, muito acima da inflação e da previsão para o PIB nacional”, compara. A estimativa do mercado financeiro é de que a economia brasileira cresça 2,9%, em 2023.

Marcio Lopes cita como exemplo o ramo crédito, que obteve uma evolução de 25% no ano passado. “É um ramo muito forte, só ele já puxa o crescimento. As cooperativas do ramo agro, ano passado, alcançaram um crescimento de mais de 12%. Então, sendo bem conservador, acredito que esses números devam ficar, pelo menos, nos mesmos percentuais, porque esse tem sido um ano de bons resultados”, analisa.

O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, ressalta que o cooperativismo é reconhecido como um vetor de desenvolvimento econômico e social de vital importância para a economia goiana e nacional. “Das riquezas geradas pelo agronegócio, incluindo a agricultura familiar, 50% passam por cooperativas, em forte intercooperação com o ramo crédito. E os ramos de saúde e transporte também mostram, a cada ano, excelentes performances de crescimento”, acrescenta.

No ano passado, as cooperativas faturaram R$ 30,9 bilhões em Goiás, o que representou cerca de 10% do PIB goiano. A meta do Sistema OCB/GO é chegar à casa dos R$ 50 bilhões, até 2027.

Desafios

Embora os resultados esperados sejam motivo de otimismo e confiança, em relação à economia cooperativista, 2023 reservou desafios e gerou mais insegurança, em razão das mudanças nos cenários político e econômico do País. “Vivemos um ano de transformação, um ano de governo novo, de reconstrução de pontes de diálogo, de uma nova articulação dentro do Congresso Nacional. E também sofremos muito com as pressões da política e da economia externas”, destaca Marcio Lopes.

Para Luís Alberto Pereira, há um aspecto que merece ser destacado. Nesse ano, apesar das tensões relacionadas à macroeconomia e à macropolítica, mais uma vez, destaca-se a resiliência do movimento cooperativista em momentos de incertezas. Essa resiliência, concorda Marcio Lopes, passa a segurança de que os níveis de crescimento vão permanecer. Para ele, os desafios que a política e a economia impõem ao cooperativismo despertam o forte poder de adaptação, que é inerente ao setor. 

Em relação ao governo federal, o presidente nacional da OCB observa que já pode ser vista, nos últimos dias, uma sinalização positiva para o setor cooperativista. Segundo Marcio Lopes, a resistência por parte de alguns setores do governo vem sendo superada aos poucos, com a busca de um relacionamento mais próximo. Para o presidente da OCB, existe o reconhecimento da importância do cooperativismo, em especial do ramo crédito, por sua capilaridade e menor custo, que pode ajudar no equilíbrio do mercado financeiro; e do ramo agro, para produzir alimentos e dar incentivos ao pequeno produtor.