Em abril, o ex-reitor da UFG (Universidade Federal de Goiás), Edward Madureira, foi nomeado assessor da presidência da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma estatal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A Finep concede recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis a instituições de pesquisa e empresas brasileiras. A entidade apoia, ainda, o desenvolvimento e a inovação em empresas já estabelecidas, como as cooperativas, por exemplo. O potencial de financiamento para projetos ligados à inovação foi um dos assuntos tratados durante visita de Edward à sede da OCB/GO, na segunda-feira (15). Ele foi recebido pelo presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira e pelo coordenador de Relações Institucionais, Diogo Oliveira. Na conversa, Edward gostou da proposta apresentada na reunião, de criação de uma pós-graduação em Direito Cooperativo na UFG. Cotado para ser candidato para prefeitura de Goiânia, em 2024, na entrevista abaixo, Edward fala também da importância de estabelecer conversas e parcerias com o cooperativismo goiano, que, segundo ele, é um setor da economia que pode contribuir muito com o desenvolvimento da capital.  

Essa é uma visita em que o sr. explicou um pouco o que começa a desenvolver na Finep. De que maneira podem surgir oportunidades para o cooperativismo goiano?

O principal objetivo dessa visita ao Sistema OCB/GO é justamente apresentar um pouco da Finep, uma estatal que atua na área de ciência, tecnologia e inovação. Ela administra o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e esse fundo tem recursos não-reembolsáveis, que são para projetos em instituições públicas, mas muitas vezes em parceria com instituições privadas. Mas também tem recursos que são reembolsáveis. Esses apoiam desde pequenas empresas, startups, até empresas de grande porte. A condição é que o projeto apresentado traga conteúdo de ciência, tecnologia e, principalmente, de inovação, e as taxas de juros são bastante interessantes. Recentemente, foi aprovado no Congresso Nacional que esses fundos não estão mais sujeitos a contingenciamento, isso era um problema vivenciado no passado. Foi aprovado também que a correção dos empréstimos é agora pela TR (Taxa Referencial) e tem prazo de carência que pode chegar a 4, 5 anos. Portanto, está sendo muito interessante para o empreendedor, que está ali com seu produto nas etapas finais de seu desenvolvimento e falta justamente esse recurso para dar um salto, então, a Finep apoia. Como o Sistema OCB/GO agora tem um hub de inovação e tem estimulado essas atividades por meio das maratonas, como o GO! Coop, então acredito que teremos boas possibilidades de trabalhar em conjunto.

O SESCOOP/GO começou a oferecer este ano, para os representantes da área jurídica das cooperativas goianas, uma especialização em Direito Cooperativo. Com toda a experiência que o sr. teve como reitor da UFG, acredita que seria possível criar um curso de pós-graduação em Direito Cooperativo lá na universidade? 

Bom, tomei conhecimento dessa demanda aqui em nossa reunião de hoje, na conversa com Luís Alberto. Essa é uma lacuna, de ampliar a oferta de cursos de especialização na área do cooperativismo, principalmente em relação ao Direito. Eu saindo daqui já vou entrar em contato com a nossa pró-reitoria de pós-graduação da UFG e apresentar essa demanda e fazer um levantamento de possíveis professores que teriam interesse em construir um curso dessa dessa natureza. A UFG tem muitos cursos, inclusive cursos “in company”, que se tornaram uma rotina, nas mais diferentes áreas. E, certamente, a gente tem pessoas com expertise para oferecer um curso de pós-graduação em Direito Cooperativo. Então, vamos iniciar tratativas lá junto à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e a Faculdade de Direito para a oferta de mais um curso. A Faculdade de Direito tem oferecido recentemente o curso para o Tribunal de Justiça, curso para o Tribunal de Contas e, por que não, atender mais um segmento, já que a capacidade técnica já está instalada na universidade, basta resolver as questões burocráticas. Quem sabe até um curso em parceria com a OCB/GO poderia ser realizado. 

O seu nome tem sido cotado para a pré-candidatura para a prefeitura de Goiânia, em 2024. Então, gostaria que o sr. comentasse a iniciativa de abrir uma via de conversas com o objetivo de apresentar ideias e buscar demandas junto ao cooperativismo, que é hoje um importante setor da economia goiana. 

De um tempo para cá, eu tenho me inserido de forma mais assertiva na política. Tive aquela primeira experiência em 2014. Depois acabei voltando para a reitoria da universidade e me distanciando um pouco da política partidária, mas no ano passado eu retornei, disputei uma eleição para deputado federal e meu nome começou a surgir no meio político como uma alternativa, inicialmente dentro do PT, mas hoje avança os limites do partido. Estou colocando, sim, meu nome à disposição na construção de um projeto para Goiânia. Um projeto para que a gente tenha uma cidade mais comprometida com o cidadão, mais comprometida com o dia-a-dia das pessoas. A cidade tem que ser acolhedora, tem que ser agradável, as pessoas tem que ter condição de mobilidade, mas a cidade também precisa gerar riqueza. E, ao falar em gerar riqueza, o cooperativismo sem dúvida é um dos instrumentos mais importantes na geração de riqueza que a gente tem. Experiências de sucesso do cooperativismo nas mais diferentes áreas são muito evidentes. O cooperativismo de crédito, por exemplo, avançou enormemente no País, mas há as tradicionais cooperativas da agricultura, tanto do agronegócio como da agricultura familiar e de outros ramos, como as cooperativas na área de saúde, por exemplo. Enfim, as cooperativas têm muito a colaborar num projeto para a cidade. E essa visita aqui também tem o objetivo de trocar ideias nessa direção.