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Cooperativismo e confiança
A robustez do cooperativismo em Goiás tem sido traduzida a cada ano em números superlativos. Em 2024, os R$ 70,7 bilhões em ativos totais do setor alcançaram um avanço notável de 17,6% em apenas um ano. A cifra ganha ainda mais peso quando comparada à economia do Estado, correspondendo a 21% do Produto Interno Bruto (PIB) goiano.
Esse crescimento exponencial fica evidente na retrospectiva dos últimos cinco anos: um salto de 230% desde 2019, quando os ativos somavam R$ 21,4 bilhões. Essa trajetória demonstra uma consolidação veloz e uma capacidade de geração de valor que atrai cada vez mais investimentos e cooperados.
Os números transcendem a análise econômica fria e também se tornam um poderoso indicador social. Mostram que, para centenas de milhares de pessoas no Estado, cooperar é o caminho mais seguro e rentável para o futuro.
O crescimento não é apenas financeiro, mas também estrutural e humano. O número de cooperativas registradas no Sistema OCB/GO expandiu 6%, chegando a 266 unidades, mostrando um ecossistema em plena expansão e diversificação.
O verdadeiro coração deste crescimento, no entanto, está nas pessoas. Diferentemente de empresas tradicionais, as cooperativas partem de uma lógica de pertencimento. Cada cooperado é, ao mesmo tempo, dono e usuário da estrutura.
Isso gera um vínculo de confiança que se reflete também na adesão crescente: em quatro anos, o número de cooperados mais que dobrou. Em Goiás atingiu a marca de 666,4 mil ao final de 2024. Para se ter uma ideia da aceleração, em 2020 eram 301,2 mil cooperados.
Com a projeção de superar os 700 mil membros ainda este ano, estima-se que o cooperativismo impacte diretamente a vida de 2,5 milhões de goianos, consolidando-se como uma força motriz de inclusão e desenvolvimento social. Esse movimento revela que, diante de um cenário de instabilidade e de desigualdades, os goianos têm encontrado no cooperativismo um caminho mais seguro e sustentável.
Um levantamento inédito da Funape/UFG, utilizando dados do IBGE, revela que a renda média mensal de um cooperado em 2023 foi de aproximadamente R$ 8,7 mil, mais que o dobro dos R$ 3,9 mil registrados por trabalhadores autônomos não cooperados. Essa superioridade na geração de renda explica por que, embora representem 3,2% do total de trabalhadores em Goiás, os associados a cooperativas compõem 8,4% da massa salarial de empregados e trabalhadores por conta própria.
Outro ponto que merece atenção é a capacidade do cooperativismo de reter riquezas no território. Enquanto empresas tradicionais muitas vezes transferem seus resultados para outros estados e até países, as cooperativas reinvestem no local onde atuam.
O desafio daqui em diante é ampliar esse alcance, garantindo que mais setores da economia possam se beneficiar da organização cooperativa e que políticas públicas reconheçam sua singularidade. Afinal, se os goianos já confiaram mais de R$ 70 bilhões a esse sistema, é porque enxergam nele não apenas um negócio, mas um projeto de futuro.
Luís Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/Goiás