Um novo marco para o cooperativismo nacional foi estabelecido nesta quinta-feira (10) com a assinatura de um acordo de cooperação entre o Sistema OCB e o BNDES. O termo, que terá vigência de cinco anos, tem o objetivo de fortalecer as cooperativas em todo o País, com impacto direto em sua capacidade de acesso a crédito, capacitação e desenvolvimento institucional.
O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, esteve presente no evento no Rio de Janeiro, acompanhando a cerimônia que contou com as assinaturas do presidente da OCB nacional, Marcio Lopes e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
O acordo, firmado entre as instituições, prevê ações de capacitação e desenvolvimento de projetos para fortalecimento das cooperativas, realização de eventos e iniciativas de comunicação institucional e compartilhamento de informações e divulgação das plataformas digitais do BNDES.
Histórico
Marcio Lopes, presidente do Sistema OCB nacional, destacou o caráter histórico da parceria. “Mais que um termo de cooperação, celebramos uma aliança transformadora. As cooperativas de crédito oferecem serviços bancários completos, com vantagens como distribuição de resultados e compromisso social”, disse.
Aproximação
Em seu discurso, Aloizio Mercadante reforçou o compromisso do BNDES com o desenvolvimento do cooperativismo. “Esse acordo representa um passo importante para aproximar ainda mais o cooperativismo do BNDES. Acredito firmemente que essa parceria abre um novo capítulo”, afirmou.
De acordo com Mercadante, o banco já realizou mais de 260 mil operações de crédito com cooperativas, totalizando R$ 37,4 bilhões em financiamentos — com foco especial em micro e pequenas empresas. “Das três maiores instituições repassadoras de crédito do BNDES, duas são cooperativas. O cooperativismo é uma força econômica e social decisiva. São 550 mil empregos diretos, R$ 692 bilhões em faturamento anual, e o mais importante: uma capilaridade que chega onde os grandes bancos não chegam mais”, enfatizou.
Mercadante lembrou que o BNDES lançou recentemente o Procap Crédito, com R$ 2 bilhões disponíveis, ampliando o limite por operação para até R$ 100 mil e criando condições especiais para as regiões Norte e Nordeste. “Ainda há muito a fazer nessas regiões. O cooperativismo nasceu forte no Sul, com influência europeia, e avançou para o Centro-Oeste. Agora, nosso desafio é expandi-lo para o Norte e Nordeste, gerando renda e melhorando a distribuição de riqueza no Brasil”, acrescentou.
O presidente do BNDES também destacou a relevância do cooperativismo para o enfrentamento das mudanças climáticas. “Nos últimos 18 meses, a temperatura média da Terra subiu 1,5°C. O cooperativismo pode liderar essa resposta com práticas sustentáveis e produção limpa”, disse.
Seminário
Além da assinatura do acordo entre o banco público e a entidade de representação do cooperativismo no Brasil, foi realizado um seminário sobre impactos do cooperativismo no desenvolvimento do país.
O pesquisador Alison Pablo de Oliveira, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), apresentou dados sobre locais que têm presença de cooperativas de crédito.
O estudo mostra que foram gerados 25,3 empregos formais para cada grupo de 1 mil habitantes nessas localidades. Além disso, foi identificado incremento de R$ 115,50 na massa salarial por habitante.
O levantamento aponta também que a presença das cooperativas de crédito retirou 12,3 famílias da extrema pobreza para cada grupo de 1 mil habitantes. Outro dado é a diminuição de 20,5 famílias no Cadastro Único (CadÚnico), direcionado a famílias mais pobres, a cada grupo de 1 mil habitantes.
Segundo Oliveira, onde há agência de cooperativismo de crédito, as famílias passam a depender menos do Estado.
“Com ganhos de renda e empregabilidade maior, as famílias conseguiam superar a pobreza de maneira sustentável por meio da inclusão produtiva e econômica”, disse.
O BNDES é um banco público de fomento ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e tem entre as funções fomentar setores estratégicos da economia por meio de crédito e investimentos diretos. Parte dos empréstimos são subsidiados, isto é, mais baratos.
(com informações do Sistema OCB e Agência Brasil)